segunda-feira, 20 de junho de 2016

Eu era estrangeiro e me acolheste... Por Carlos Eduardo Esmeraldo


"Vinde, abençoados de meu Pai! Fui estrangeiro, e me acolhestes em vossa casa". (Mt 25, 35). Sempre que escuto essa mensagem de Jesus no Evangelho narrado por Mateus, lembro-me de um rotariano muito especial, sócio fundador do Rotary Clube do Crato. Trata-se do saudoso companheiro Jefferson de Albuquerque e Souza. Sabia como ninguém receber qualquer recém-chegado à nossa cidade, servindo de guia para os primeiros dias de adaptação e construído sólidas amizades. 

Acredito não haver conhecido nenhum rotariano com tanto amor ao Rotary, quanto o companheiro Jefferson. E como ele era conhecido por quase todos os clubes rotários do Brasil! Quando eu encontrava- me ausente e recuperava a freqüência em clubes de Recife, Fortaleza, Sobral, Quixadá e tantos outros, sempre havia um rotariano que perguntava pelo companheiro Jefferson.

Na época em que fui presidente do Conselho Diretor do nosso clube, involuntariamente magoei o companheiro Jefferson. Creio que muitos dos companheiros daquela época relembram do episódio. O saudoso companheiro Euclides Francelino me convidou para visitar a sede da SCAN (Sociedade Cratense de Auxilio aos Necessitados.) Até então eu não conhecia a SCAN, nem a sua bonita história. Não sei atualmente como está a situação desse sociedade. O que vi foram paredes estragadas, muros destruídos, invasão de moradores sem teto, enfim um abandono. À noite, desejando conclamar os companheiros rotarianos para reerguer a SACAN, emendei: "Hoje eu visitei os escombros da SACAN". Foi o suficiente para o companheiro Jefferson levantar e deixar a reunião, dizendo que daquele dia em diante se desligava do Rotary. Eu não sabia que ele era o presidente da entidade. E confesso que perdi uma noite de sono, matutando como convencer o companheiro Jefferson a relegar a minha deselegância.
  
Lá pelas três horas da tarde do dia seguinte,eu resolvi telefonar para ele. Atendeu com voz muito animada, dizendo que já estava esperado minha ligação desde a manhã. Felizmente não ficou mágoas e mais ainda passei a admirá-lo.

Certa vez, o companheiro Jefferson me segredou que tinha muito desgosto pelos seus filhos não quererem saber de Rotary. Então convidei Antonio José, que mostrou prontidão em satisfazer o desejo de seu pai. Na reunião do Conselho ao propor o nome de Antonio José, e desejando fazer surpresa, solicitei aos companheiros presentes nada comunicarem ao companheiro Jeffereson. Mas o companheiro Juvêncio Mariano, mal chegou à sua casa, não se conteve e telefonou ao companheiro Jefferson. E este imediatamente me telefonou agradecendo.