sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mãe-Comunidade


Por Dr. Aglézio de Brito

O Prefeito de uma cidade é como um filho gerado pelo consenso popular no ventre de uma comunidade. Ali ele gesta, nasce, cresce e se desenvolve, vivenciando os sofrimentos, as necessidades e as aspirações da sua “mãe-comunidade”. A relação de um Prefeito para com sua cidade é semelhante à de um filho para com a mãe. Se a mãe sofre, ele sofre com ela. Se a mãe está feliz ele, também, está feliz.

O filho sempre deseja o melhor para a sua mãe, porque existe nele a imanência do afeto filial desinteressado. Por isso penso que o Prefeito de uma cidade deve ser filho desta cidade, ter nascido nela, ser produto da comunidade citadina, correndo nas suas veias o sangue da sua história. Caso contrário, por mais que o Prefeito se encourace com o disfarce da demagogia, pregando o amor pela cidade, ele, naturalmente, carrega consigo o vírus do egoísmo e da insensibilidade administrativa no que se refere ao bem-estar da comunidade da qual ele não é filho.

Se a “mãe- comunidade” sofre no corpo as dores das chagas dos esgotos a céu aberto, ele pode até se condoer, mas não sofre com ela essas dores, porque não é seu filho.

Se a “mãe-comunidade” contorce-se nos guetos da exclusão social, amargando os traumas, as angústias e as humilhações próprias de condições sub-humanas, o Prefeito, nascido em outras terras, pode até se esforçar para resolver semelhantes problemas, mas, certamente, não sofrerá com esse estado social degradante da “mãe-comunidade” e não terá a mesma energia, a mesma abnegação para lutar contra esses males, porque não é o filho dessa comunidade.

É uma questão antropológica, própria do ser humano.